Escatologia - Antônio Carlos

 

Acesse o blog de Antônio Carlos sobre o Fim dos Tempos

 

Introdução

 

Adaptado por Antônio Carlos da Silva

 

    O livro do Apocalipse, ou da Revelação, é um dos livros que compõe a Bíblia Sagrada. É o último livro do Novo Testamento. Todo este estudo do Apocalipse foi desenvolvido única e exclusivamente com base na Bíblia Sagrada. A palavra Apocalipse é de origem grega e significa “revelação” conforme podemos ler nos dois primeiros versículos do livro:

    Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo,
o qual testificou da palavra de Deus, e do testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto. (Apoc. 1:1-2)

    Portanto estamos diante de uma revelação de Deus, que está sendo dada aos homens, mostrando as coisas que deverão acontecer em um futuro muito próximo.

    João estava exilado na ilha de Patmos quando recebeu esta revelação através de um anjo. Este fato aconteceu por volta do ano 95 ou 96 de nossa era, portanto, aproximadamente 60 anos após a morte e ressurreição de Jesus Cristo.

    Desde já queremos chamar a atenção para um detalhe importantíssimo que vai nos auxiliar a entender e interpretar os mistérios desse livro. A revelação foi dada no ano 95 ou 96 e o primeiro versículo diz claramente: "mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer”, portanto, tudo que está descrito no livro são fatos que começaram acontecer a partir daquele ano. Com isso já podemos concluir que hoje estamos vivendo dias apocalípticos, e logo mais, no decorrer do estudo saberemos em que momento do Apocalipse estamos vivendo e o que ainda vem pela frente.

    Nesse estudo não estaremos abordando as teorias teológicas existentes em torno da interpretação deste livro tão polêmico. O estudo será totalmente prático baseado única e exclusivamente na própria Palavra de Deus. Nos seminários e faculdades teológicas são abordadas teorias tais como: milenismo, amilenismo, tribulacionista, pós-tribulacionista, futurista, etc... Estes termos foram abolidos deste estudo.

    Toda mensagem contida no livro do Apocalipse é dirigida exclusivamente para a Igreja de Jesus Cristo, tanto é assim, que a revelação dada a João inicia com sete cartas dirigidas a sete igrejas, e no final, a mensagem de Jesus é a seguinte:

Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a resplandecente Estrela da manhã. (Apoc. 22:16)

    O principal objetivo dessa mensagem é preparar a Igreja de Cristo para que não venha a participar dos juízos previstos no dia da grande ira de Deus, e isto, evidentemente, requer obediência à Palavra de Deus.

    E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela (referindo-se à Babilônia, símbolo do pecado), povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados e para que não incorras nas suas pragas. (Apoc. 18:4)

    Eis que presto venho. Bem-aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro. (apoc. 22:7)

    Tenha em mente que a mensagem desta profecia, como toda profecia divina, é extremamente séria. Não podemos brincar com aquilo que é sagrado. No dia do juízo não haverá tolerância de qualquer espécie.

    Logo após Jesus ter subido junto ao Pai, depois da ressurreição, os discípulos atenderam a ordem dada por Jesus de divulgar ao mundo o evangelho da salvação, foi quando começaram a surgir as igrejas Cristãs.

    Ocorre, porém, que muitos nunca aceitaram o evangelho de Jesus e sempre houve perseguição contra os que se mantinham fiéis a Ele, quer por motivos políticos, religiosos ou interesses pessoais.

    Todos os discípulos e apóstolos de Jesus foram perseguidos, presos, afligidos e mortos. Como conseqüência, as igrejas também sofreram perseguições violentas.

    Foi nesse ambiente que o livro do Apocalipse foi escrito. Jesus arrebatou João em espírito, ou seja, João ficou fisicamente com seu corpo aqui na terra e seu espírito foi transportado até o céu, onde lhe foram mostradas as coisas que brevemente deveriam acontecer. (Ap. 1:10 e Ap.1:1).

    Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta, que dizia: O que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia. Apc. 1:10-11

    Todas as visões de João foram de forma simbólica. Alguns crêem que as visões de João foram registradas desta forma aparentemente confusa, crendo que ele viu coisas que não conhecia naquela época, então descreveu como bem entendia. Isto seria como que um índio que nunca tivesse visto um avião, o descrevesse como sendo um pássaro de ferro. Esta teoria não faz sentido em nenhum texto da bíblia.

Uma vez Jacó teve uma visão de uma escada que subia ao céu (Gen. 28:12) e Pedro teve uma visão de um vaso como um lençol que descia do céu (Atos. 10:11). Eram visões simbólicas. A escada e o lençol eram símbolos de algo que Deus estava querendo ensinar.

    Da mesma forma, João viu o que ele realmente viu e escreveu. Se está escrito que ele viu um cavalo vermelho, ele realmente viu um cavalo vermelho, porém esse cavalo vermelho tem um significado, simboliza algo que Jesus quer revelar a nós. Isto evidentemente não significa que no céu tenha cavalos coloridos, são apenas símbolos. E neste estudo vamos aprender o significado de muitos símbolos descritos no Apocalipse.

    A interpretação e o entendimento da mensagem contida não só no Apocalipse, mas de toda a bíblia, depende em primeiro lugar do nosso desejo ardente, sincero e incondicional de conhecer a Palavra de Deus. Depende em segundo lugar da nossa disposição em ouvir, ler, estudar, e meditar na Palavra de Deus.

    Se nós fizermos a nossa parte, então o Espírito Santo de Deus irá nos revelar a Sua mensagem no momento oportuno e de acordo com a necessidade de cada um.

    Não basta querermos aprender e ficarmos de braços cruzados esperando que a mensagem apareça em nossa mente como que uma mágica, é necessário o nosso empenho para nos alimentarmos da Palavra de Deus.

    Alguns símbolos são interpretados pela própria Palavra no mesmo texto. Compare Ap. 1:13, 16 com Ap. 1:20 - os castiçais e as estrelas). Outras vezes encontramos o entendimento através de outros textos. Compare Ap. 4:3 com Gen. 9:13 - o arco celeste.

    Algumas interpretações são baseadas no conhecimento dos atributos de Deus, na sua forma de agir, na sua santidade, na sua onisciência, no seu amor, na sua justiça, sabendo que Deus não muda, as suas leis são perpétuas e imutáveis.

    Por exemplo, vamos estudar mais para frente, que a promessa feita a Abraão há quatro mil anos atrás, ainda está sendo cumprida e continuará em vigor até mesmo nos dias futuros do Apocalipse. Também a título de exemplo, da mesma forma que Deus livrou Noé e sua família da tormenta do dilúvio por serem fiéis, podemos concluir que Deus também livrará a igreja, pura e imaculada, das tormentas da grande tribulação que há de vir sobre o mundo. Deus não usa dois pesos e duas medidas.

    Algumas mensagens nunca serão reveladas por Deus por serem mistérios que, por algum motivo, não convém que sejam reveladas (Deut. 29:29; Mat. 24:36; Ap. 10:4; Atos 1:7)

    Existem também mistérios que Deus revela somente para quem Ele determinar no tempo oportuno, nem antes, nem depois (João 13:7; Dan. 12:8-9)

    Existem também as interpretações falsas e perigosas, nascidas na mente humana e sem qualquer base na Palavra de Deus, essas são naturalmente desaprovadas por Deus (2Ped. 3:16).

    Por esse motivo, alertamos sobre a importância de estarmos desarmados diante de Deus, estarmos totalmente atentos e submissos ao Espírito Santo e estarmos sempre alimentados com a Palavra de Deus, caso contrário certamente cairemos no erro e no engano. Toda interpretação e todo entendimento devem estar fundamentados na própria Palavra de Deus.

    Através deste estudo vamos conhecer todo plano de Deus para redenção do homem, vamos aprender o que realmente vai acontecer no futuro. O sol vai apagar? As estrelas do céu cairão sobre a terra? O nosso planeta vai explodir? Quem são os quatro cavaleiros do Apocalipse? O que significam as sete trombetas e as sete taças? Quem é a besta do Apocalipse? Quem serão os 144000 assinalados? A igreja passará pela tribulação? Como será a vida no milênio? Quem estará presente no juízo final?

    Todas esta perguntas e outras mais serão respondidas durante o estudo, e todas com amparo na própria Bíblia.

    Ainda como introdução estaremos apresentando uma visão panorâmica de toda história da humanidade sob o ponto de vista do plano de Deus para com os homens, desde a criação até o Apocalipse.

 

Como interpretar o livro de Apocalipse

 

Fonte: Hernandes Dias Lopes

 

    Há três escolas de interpretação do livro de Apocalipse:

 

1) A interpretação preterista
  • Tudo o que é profetizado no livro de Apocalipse já aconteceu. O livro narra apenas às perseguições sofridas pela igreja pelos judeus e imperadores romanos. O livro cumpriu seu propósito de fortalecer e encorajar a igreja do primeiro século.
  • Essa corrente falha em ver o livro como um livro profético, pertinente para toda a história da igreja.

 

2) A interpretação futurista
  • Tudo o que é profetizado no livro a partir do capítulo 4 tem a ver com os últimos dias sem nenhuma aplicação na história da igreja. Também essa escola não faz justiça ao livro que foi uma mensagem atual, pertinente e poderosa para todos os crentes em todas as épocas.
  • Esse livro não tinha nenhum conforto para os crentes primitivos nem para nós.
  • Transfere o Reino de Deus para o futuro milenar, enquanto sabemos que o Reino já veio e estamos no Reino.

 

3) A interpretação histórica 
  • O livro de Apocalipse é uma profecia da história do Reino de Deus desde o primeiro advento até o segundo.
  • O livro é rico em símbolos, imagens e números: ele está dividido em sete seções paralelas progressivas: sete candeeiros, sete selos, sete trombetas e sete taças.
  • Agostinho, os Reformadores, as confissões reformadas e a maioria dos grandes teólogos seguiram essa linha.

 

Uma visão panorâmica do Apocalipse

 

Adaptado por Antônio Carlos da Silva

 

    Neste vamos apresentar, de uma forma simplificada, uma visão panorâmica de toda história da humanidade tal como se encontra relatada na Bíblia, tendo como objetivo chegar ao entendimento dos fatos narrados no livro do Apocalipse.

    Desde o dia em que foi dada a revelação ao apostolo João, muitas coisas desta profecia já estão acontecendo e outras ainda irão se cumprir até o fim da história desta humanidade quando então terá início uma nova história no novo Éden que jamais terá fim. Esta será a eternidade planejada por Deus desde o princípio da criação.

  •     "E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe." (Apoc. 21:1)
  •     "E dirão: Esta terra assolada ficou como jardim do Éden; e as cidades solitárias, e assoladas, e destruídas estão fortalecidas e habitadas." (Ezequiel 36:35)

    No princípio de toda historia da humanidade, Deus colocou o primeiro homem no mundo, Adão, e desde então a terra começou a ser habitada (com todo respeito aos evolucionistas, nós cremos única e exclusivamente na Palavra de Deus revelada através das Escrituras Sagradas).

    A partir de Adão, passaram-se aproximadamente dois mil anos quando surgiu no mundo um outro homem de real importância para nosso estudo. Trata-se de Abraão. Algo extraordinário aconteceu no relacionamento entre Deus e os homens através de Abraão. Deus estabeleceu uma aliança fazendo uma promessa a esse homem. Este fato é vital para o entendimento do livro do apocalipse, sempre lembrando que as promessas de Deus cumprem-se literalmente na íntegra.

    Vamos destacar duas promessas feitas por Deus a Abraão:

1) Deus estabeleceu que a descendência de Abraão seria extremamente numerosa, comparada com as estrelas no céu e a areia do mar.
2) A descendência de Abraão iria possuir a terra perpetuamente.

Através dessa promessa surgiu no mundo um povo especial controlado e protegido por Deus. É o povo de Israel. Para quem não sabe, Abraão, que recebeu a promessa, teve um filho chamado Isaque. Isaque por sua vez teve um filho chamado Jacó o qual teve o seu nome mudado por Deus e que passou a se chamar Israel. Este, por sua vez, teve doze filhos que se constituíram nas doze tribos de Israel, e são essas doze tribos de Israel que estão na linha da promessa feita por Deus a Abraão.

    Esta profecia ainda não está totalmente cumprida. Veremos o seu cumprimento no final deste estudo.

    A partir de Abraão, passaram-se aproximadamente mais dois mil anos quando surgiu na terra outro homem muito mais importante do que Adão e de Abraão. Trata-se agora de Jesus Cristo, o Filho de Deus.

    Através de Jesus foi feita uma nova aliança, quando surgiu um outro povo especial, controlado e protegido por Jesus. Trata-se agora da Igreja de Jesus Cristo, a qual já está praticamente com dois mil anos de idade(visto que estamos no ano de 2012 exatamente), a exemplo dos períodos anteriores.

    A história da igreja começou com Jesus Cristo quando ele ordenou aos seus discípulos que divulgassem o evangelho da graça por todo o mundo.

  •     "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado." (Marc. 16:15-16).

    Foi logo no início desse período, perto do ano 95 desta era, que João recebeu a revelação. Este período da igreja, que já está praticamente com dois mil anos, em breve chegará ao fim, da mesma forma que chegou o fim a era da lei, o antigo testamento, período anterior a Jesus. No Apocalipse, o período da igreja está registrado nos capiítulos um, dois e três.

    O fim da era da igreja será marcado com o arrebatamento da igreja, ou seja, a igreja que for considerada pura e sem manchas será retirada da terra e levada ao reino celestial da mesma forma que Jesus subiu ao céu após ter ressuscitado.

  •     "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele.Ora,ainda vos declaramos isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor." (1Tes. 4:13-17)

    Após a saída da igreja da terra, terá inicio um período de intensa tribulação na terra atingindo todos os que ficarem. Este período será bastante curto comparado com a história. De acordo com as profecias, especialmente de Daniel, podemos afirmar que este período irá durar aproximadamente sete anos.

  •     “... porque haverá, então, grande aflição, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tampouco haverá jamais. E, se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos, serão abreviados aqueles dias.” (Mt. 24:21-22)

    Alguns crêem, e encontram respaldo na Bíblia, de que a igreja estará participando desta tribulação, outros, também com base bíblica, dizem que a igreja não passará por este período de tribulação. Quem estaria com a razão? Nas lições seguintes este assunto ficará bem claro e não deixará qualquer dúvida a respeito.

    No estudo que faremos, iremos notar que este período de tribulação estará visivelmente dividido em dois períodos de três anos e meio cada um, sendo que o segundo período será tremendamente mais aflitivo do que o primeiro.

    Enquanto a tribulação estará acontecendo na terra, a noiva de Cristo, a igreja pura e imaculada, estará nos céus com Jesus participando da grande ceia também chamada de as bodas do cordeiro.

  •     "E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até aquele Dia em que o beba de novo convosco no Reino de meu Pai." (Mat. 26:29)
  •     "Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória, porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou." (Ap. 19:7).

    Durante a tribulação, o mundo estará sob o domínio do anticristo, também chamado de besta, falso profeta, homem iníquo, homem este que agirá sob o controle de Satanás. Neste período haverá guerras, fomes, terremotos, muita violência, muitas mortes e toda a terra será abalada chegando até a modificar a sua geografia (Mat. 24:7).

  •     "... e, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda; a esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira." (2Tes. 2:8-9)
  •     "Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares." (Mt. 24:7)

    Nos capítulos seguintes vamos explicar porque estas coisas deverão acontecer e como vão ficar a terra e os homens após estes acontecimentos. O período desta tribulação está narrado em dezesseis capítulos no livro do Apocalipse, desde o quatro até o dezenove.

    No final da tribulação, quando Deus já tiver completado o seu plano, Jesus voltará novamente à terra, trazendo consigo a igreja que ele havia levado no arrebatamento.

  •     "E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabia, senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, branco e puro." (Apoc. 19:11-14)

    Neste momento acontecerá o que chamamos de Batalha do Armagedom. Trata-se realmente de uma batalha entre Jesus Cristo, juntamente com a igreja, contra a besta do Apocalipse, ou o anticristo.

  •     "E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército." (Ap. 19:19).

    O nome Armagedom se deve ao fato dessa batalha estar acontecendo em um lugar com esse nome, o Vale do Megido.

  •     "E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom." (Ap. 16:16). 

    Nem precisamos dizer que Jesus irá vencer esta batalha sem qualquer dificuldade. Todos os seguidores da besta serão mortos, a besta e o falso profeta serão retirados do cenário e Satanás será preso no abismo durante mil anos.

  •     "E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes." (Apoc. 19:20-21)
  •     "Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos. E lançou-o no abismo, e ali o encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, até que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo." (Apoc. 20:2-3)

    A partir deste momento a terra já estará restaurada, já não há mais guerras, nem terremotos nem maldição. A violência deixará de existir. A verdadeira paz estará presente na terra.

    Inicia-se agora o período que chamamos de milênio, ou seja, Jesus Cristo estará reinando no mundo durante mil anos juntamente com a igreja que ele mesmo preparou.

  •     "E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos." (Ap. 20:4).

    Oportunamente teremos um cap mostrando em detalhes como será o reinado de Jesus, como será as condições da terra e dos homens nesse período.

    Durante o milênio a população da terra será maior do que a população nos dias de hoje, sem que isto se constitua numa superpopulação. Também não haverá necessidade de grandes edifícios nem de pequenos apartamentos para acomodar a multidão que estará povoando a terra.

    O período do milênio também chegará ao fim um dia. E quando chegar esse dia, Satanás que estava preso será solto por um pouco de tempo e imediatamente irá tentar os homens na face da terra. Ainda,no decorrer deste estudo estaremos dando maiores detalhes sobre o porquê da soltura de Satanás logo após ao fim da era milenar.  

  •     "E, acabando-se os mil anos, Satanás será solto da sua prisão e sairá a enganar as nações que estão sobre os quatro cantos da terra, Gogue e Magogue, cujo número é como a areia do mar, para as ajuntar em batalha. E subiram sobre a largura da terra e cercaram o arraial dos santos e a cidade amada; mas desceu fogo do céu e os devorou. E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde está a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre." (Apoc. 20:7-10)

    Segue-se o juízo final quando todos os que ainda estavam mortos desde o principio do mundo irão ressuscitar e serão colocados diante do trono de Deus, para serem julgados de acordo com as obras de cada um. Estas obras incluem também a fé e a fidelidade a Deus durante a vida nesta terra.

  •     "E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte." (Ap. 20:11-14).

    Haverá livros onde estarão registradas as obras de cada um e um outro livro especial, chamado Livro da Vida. Quem não tiver o seu nome escrito no Livro da Vida, será lançado no lago de fogo onde já estarão Satanás e a besta.

  •     "E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo." (Ap. 20:15).

    Quem tiver o seu nome escrito no Livro da Vida estará na vida eterna junto com Jesus e terá acesso à cidade santa, a Nova Jerusalém onde estarão presentes Nosso Senhor Jesus, e toda igreja que perseverou e saiu vitoriosa.

  •     "E não entrará nela coisa alguma que contamine e cometa abominação e mentira, mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro." (Ap. 21:27).

    Está escrito que fora da cidade haverá povos e nações. Um rio de água pura sairá da cidade. A árvore da vida que estava no jardim do Éden, agora estará presente novamente na terra, e está escrito no Apocalipse que ela será para a saúde das nações.

  •     "E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça e de uma e da outra banda do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês, e as folhas da árvore são para a saúde das nações. E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e na sua testa estará o seu nome. E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia, e reinarão para todo o sempre..." (Ap. 22:1-5).

    A partir deste ponto a bíblia já não revela mais nada, pois daqui para frente é a eternidade, uma vida em condições perfeitas e que foi planejada por Deus desde a criação do mundo. Esta é a vida eterna. Enquanto isto, o lago de fogo e enxofre nas profundezas do abismo também estará eternamente povoado pelo diabo, seus anjos, pela besta e o falso profeta, e também por todos os homens que desde a fundação do mundo se mantiveram rebeldes e desobedientes a Deus.

    O período do milênio até a eternidade está registrado nos capítulos vinte até o vinte e dois do livro do apocalipse.

    Na próxima lição estaremos estudando o plano de restauração que Deus determinou desde o princípio. Veremos porque a igreja vai ser retirada da terra, porque haverá o período da tribulação com tantas mortes, com terremotos e abalos em todo lugar e porque a terra vai ser modificada.

    Tudo tem um motivo dentro do propósito de Deus.

 

O plano de restauração

 

Adaptado por Antônio Carlos da Silva

 

    Se você já leu todo o livro do Apocalipse, verificou que estão registradas muitas catástrofes, com abalos nos céus e na terra (Ap. 6:12-14), muitos terremotos e muitas mortes (Ap. 11:13). Vamos estudar neste capítulo, uma das razões pela qual terão que acontecer todas aquelas catástrofes que estão registradas no livro do Apocalipse.

    Para entender este plano, vamos voltar ao passado, no Jardim do Éden. Antes, porém, para que haja uma melhor compreensão do que queremos dizer, vamos imaginar que em algum lugar do mundo exista um lugar conforme descrevemos a seguir:

    "Imagine um povo morando em uma ilha isolada do resto do mundo. Neste lugar, totalmente plano sem montanhas, vales ou precipícios e com muita vegetação, não existem ervas daninhas, nem vegetação inútil, mas somente arvores frutíferas e vegetação comestível, tudo puro e sem poluição. Todos os rios e lagos com águas puríssimas, própria para se beber e muitos peixes. Lá não existem insetos nem animais nocivos ou ferozes. O clima é sempre agradável, não há excesso de calor nem de frio, e não há terremotos, vendavais, tempestades ou coisa semelhante. Naquele lugar também não existem policia nem tribunais ou cadeias, porque todos os habitantes são honestos e justos. Também não existem médicos farmácias ou hospitais, porque não existe qualquer tipo de doença. A vida entre os habitantes é alegre, sadia e só existe a paz. Lá também não existem governos porque seus habitantes são dirigidos diretamente por Deus, eles espontaneamente obedecem rigorosamente cada palavra de Deus. Eles tem Deus como Rei, como Senhor, como Pai e vivem em plena comunhão com Ele."

    Este seria um modelo do Éden que Deus planejou para o homem.

    Deus criou os céus e a terra. Estabeleceu na terra, um jardim chamado Éden (Gen. 2:8), onde havia a absoluta perfeição (Gen. 1:31), plantado com árvores frutíferas, ideais para a alimentação humana (Gen. 2:9,16).

    Colocou animais de todas as espécies para serem dominados pelo homem, porém nenhum animal era feroz ou perigoso (Gen. 1:25). Os animais somente se tornaram arredios e ferozes com temor do homem logo após o dilúvio Gn 9:2.

    Finalmente Deus então criou o homem e o colocou nesse Jardim (Gen. 1:28).

    O homem estava numa condição de absoluta perfeição, paz, tranqüilidade e o principal, em comunhão com Deus o seu criador (Gen. 2:19). Não havia morte nem doença, não havia maldição, dor ou qualquer outro tipo de problema. E o homem se comunicava com Deus diariamente (Gen. 3:8).

    Deus criou o homem para que o homem O amasse, e vivesse em comunhão com Ele de livre e espontânea vontade, pois Deus não queria um fantoche que pudesse ser manipulado, mas uma personalidade livre que pensasse, e tomasse decisão, porém que Lhe obedecesse por vontade própria.

    Para que o homem fosse testado no seu livre arbítrio, Deus colocou uma árvore no meio do Jardim, chamada Árvore da Ciência do Bem e do Mal, e disse ao homem para que não comesse daquela árvore, pois se comesse, o homem morreria (Gen. 2:17). Este era o teste para a fidelidade do homem.

    Como sabemos, o homem foi tentado pelo diabo, não resistiu e comeu daquele fruto (Gen. 3:6). Como conseqüência, a condenação da morte foi aplicada. Por causa desse pecado de desobediência, o homem perdeu três grandes bênçãos que Deus lhe havia dado:

a) Perdeu a vida eterna, espiritualmente falando. O homem vivia em comunhão constante com Deus, agora, por causa do pecado, Deus se separou do homem, o espírito do homem foi considerado morto para Deus e o destino dele seria o inferno para sempre, totalmente isolado da presença de Deus (Gen. 3:8-9).

b) Perdeu a vida física do corpo. O homem não foi criado para morrer, porem nesse momento ele ganhou a morte física (Gen. 3:19).
Uma doença chamada envelhecimento tomou conta do seu corpo e iniciou-se o processo de envelhecimento até a morte. Conseqüentemente começaram a surgir doenças, dores e sofrimento de toda espécie.

c) Perdeu a terra. O homem perdeu a posse da terra, foi expulso do Jardim do Éden (Gen. 3:23), e a terra foi amaldiçoada. Ao invés de arvores frutíferas, começaram a surgir ervas daninhas (Gen. 3:18). Para comer, o homem agora precisava trabalhar de forma estafante (Gen. 3:17).

    Ora, Deus havia planejado tudo bom e perfeito para o homem, e agora, por causa da interferência do diabo e por causa da desobediência do homem, todo plano foi destruído. Será que Deus se frustrou nesse plano? Será que agora Deus iria cruzar os braços como que dizendo: "Eu fiz o melhor para o homem e ele não obedeceu, agora o problema é dele."

    De forma nenhuma, Deus nunca fica frustrado nos seus planos, tudo aquilo que Ele planeja e diz que vai fazer, Ele faz e ninguém tem possibilidade de frustrar ou anular os planos de Deus.

    Por isso, Deus estabeleceu um outro plano para "consertar" o que o homem destruiu. Deus enviou o Seu Filho, Jesus, para restaurar todas as coisas.

    O objetivo era retornar ao que Deus havia planejado desde o início, antes do pecado se estabelecer no meio do homem.

    A vida eterna do espírito, Jesus conquistou no momento que Ele entregou sua vida naquela cruz (Isa. 53:4-5), ou seja, a condenação da morte que estava sobre o homem, agora caiu sobre Jesus que não merecia morrer (Mat. 27:46). A partir desse momento, o homem que crer e aceitar esse sacrifício tem o seu espírito recriado, o que a bíblia chama de novo nascimento (João. 3:7). Com isso, o homem tem acesso à vida eterna perdida lá no Éden (João. 3:16). Portanto, já temos em mãos o passaporte para a eternidade com Deus, só estamos esperando o dia da viagem.

    A vida física do corpo, Jesus também conquistou no momento em que Ele ressuscitou e saiu daquele túmulo três dias após a sua morte (Luc. 24:1-3). Jesus venceu a morte e ressuscitou. O homem que aceitar a Jesus como seu Senhor e Salvador, além de ganhar a vida eterna, também ressuscitará no dia da volta de Jesus (1Cor. 15:52), assim como ele também ressuscitou. E desta forma teremos também um novo corpo sem defeitos e sem doenças e que não mais morrerá (Mat. 22:30).

    A posse da terra, o homem vai receber das mãos de Jesus quando Ele voltar (Salm. 115:16). Porém a terra que hoje ainda está sob maldição, terá que ser restaurada, toda maldição deverá ser eliminada (Dan. 9:24) para ficar igual às condições do Jardim do Éden (Ezeq. 36:35). Isto é o que vai acontecer nos dias apocalípticos.

    Naqueles dias, a terra passará sob fortes abalos, tudo que não presta será eliminado, todas as condições desfavoráveis serão modificadas (Ap. 21:1), todos os homens que continuarem rebeldes e desobedientes a Deus serão mortos e reservados para o dia do juízo (Ap. 9:18).

    Costumamos dizer que a terra passará por uma funilaria geral, porém com seus habitantes dentro dela. Imagine um automóvel destroçado sendo consertado pelo funileiro com passageiros dentro do carro. Isto é o que vai acontecer na terra.

    Depois de tudo isto, a terra com seus habitantes será novamente como era no Jardim do Éden antes do homem pecar, e então Deus dará continuidade ao plano inicial após este intervalo para conserto do estrago feito pelo homem (Ezeq. 36:35).

    Olhando sob este ponto de vista, vemos que os fatos narrados no Apocalipse no seu estágio final são uma continuidade da criação narrada no início do livro de Gênesis. Os abalos catastróficos mencionados servirão para purificar e restaurar a terra e aplicar juízo sobre seus habitantes.

    Nos dias de hoje, estamos simplesmente vivendo um parêntesis dentro da história da criação para que Deus reconstrua a obra desfeita pelo diabo e pelo homem.

    Convém ressaltar que toda redenção da criação está fundamentada única e exclusivamente em Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio ao mundo na forma de homem, e que por não ter pecado, e não ter participado da natureza pecaminosa gerada por Adão, não teve sobre si a condenação da morte promulgada por Deus no início da criação.

    Por não ter condenação e ter vencido o pecado, assumiu a culpa sobre si, pagou o preço, venceu a morte e agora tem em suas mãos as chaves da morte e do inferno (Ap. 1:18) e tudo está debaixo do seu comando.

 

O Apocalipse sob o ponto de vista profética - As setenta semanas de Daniel

 

Adaptado por Antônio Carlos da Silva

 

    No passado, antes do nascimento de Jesus, houve uma época em que eram muitos os pecados dos homens. Sabendo das graves conseqüências que isto traria ao povo, o profeta Daniel começou a orar a Deus intercedendo pelo povo (Dan. 9:3-5).

    Estando ainda orando, Deus mandou o anjo Gabriel para falar com o profeta (Dan. 9:21-22). A mensagem que o anjo trazia da parte de Deus era que, em setenta semanas, Deus iria acabar com todo o pecado do meio do povo de Israel e que iria ungir o Santo dos Santos (Dan. 9:24). Vamos explicar isto.

    Em primeiro lugar, as semanas proféticas mencionadas no texto são semanas de anos, ou seja, assim com uma semana normal tem sete dias, a semana profética tem sete anos, portanto nestas setenta semanas estamos falando de setenta semanas de anos,isto é, setenta vezes sete anos correspondendo a quatrocentos e noventa anos (Lev. 25:8).

    Ungir o Santo dos Santos significa que Jesus Cristo irá ser ungido Rei para reinar sobre o seu povo. Sabemos que a obra completa de Jesus abrangia a unção para Profeta, Sacerdote e Rei.

    Jesus já foi profeta quando trouxe a Palavra de Deus aos homens. Foi Sacerdote quando sacrificou a si mesmo para expiação do pecado do mundo, e falta ainda sentar no trono de Davi para reinar entre seu povo. Esta função de Rei, Jesus ainda não exerceu literalmente porque os judeus não o aceitaram como Rei.

    Resumindo, Deus disse a Daniel que em setenta semanas, ou seja, em quatrocentos e noventa anos, todo pecado e toda iniqüidade seriam extintos do mundo e no final Jesus viria para sentar no trono e reinar literalmente entre os judeus aqui na terra.

    A humanidade está no mundo já há seis mil anos, e onde podemos encaixar estes quatrocentos e noventa anos? Na mesma profecia encontramos explicação para o inicio da contagem.

    Esse período de quatrocentos e noventa anos iniciou no momento em que foi dada a autorização para reconstruir a cidade de Jerusalém que havia sido destruída (Dan. 9:25).
    Até o Messias, completar-se-iam sessenta e nove semanas, ou seja, quatrocentos e oitenta e três anos, sendo sete semanas para reconstruir a cidade e mais sessenta e duas semanas até o Messias.

    Esta autorização para reconstruir a cidade foi dada pelo Rei Artaxerxes a Neemias durante o Império Persa (Neem. 2:1,5,8). Portanto a contagem das 70 semanas, ou 490 anos, se inicia no momento em que o rei Artaxerxes autorizou Neemias a reconstruir a cidade de Jerusalém.

    A marca do Messias, completando sessenta e nove semanas, é encontrada nos dias em que Jesus entrou triunfalmente na cidade de Jerusalém montado em um jumentinho, para ser aclamado Rei dos Judeus (Lucas. 19:35-38). Este acontecimento foi profetizado pelo profeta Zacarias (Zac. 9:9).

    Se forem feitos os cálculos pelo calendário, veremos que desde a ordem dada a Neemias para reconstruir a cidade, até a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, são decorridos exatamente quatrocentos e oitenta e três anos, ou sessenta e nove semanas.

    Mas a profecia era de setenta semanas, portanto ainda estaria faltando uma semana, ou seja, sete anos para completar o período. Logo mais veremos onde encontraremos esta semana faltante.

    Todos estes cálculos podem parecer confusos, mas é bem simples de entender. De acordo com o plano de Deus, a partir da autorização para reconstruir a cidade, se passariam quatrocentos e noventa anos e Jesus teria extirpado o pecado, e estaria no trono como Rei conforme profetizado por Daniel.

    Ocorre que não foi exatamente assim que aconteceu. Quando Jesus entrou na cidade levado por seus discípulos para ser aclamado Rei, o povo não reconheceu Jesus como Messias e não o aceitou como Rei (João. 1:11).

    Mais uma vez o plano de Deus não se completa por interferência do homem que continua rebelde e desobediente a Deus. Mas como já dissemos que Deus não se vê frustrado em seus planos, Ele novamente interrompeu a historia, agora, com o povo judeu para estabelecer mais um plano intermediário antes de continuar com seu propósito.

    Como os judeus não reconheceram o Messias e não receberam Jesus com Rei, Deus "deixou um pouco os judeus de lado" abrindo um intervalo na história para dar oportunidade aos gentios, ou seja, aos povos que não são judeus (Atos. 13:46).

    Para ilustrar este fato, Jesus contou uma parábola mostrando exatamente o que aconteceu (Lucas. 14:15-24).

    Nesta parábola, Jesus conta a história de um homem que preparou uma grande ceia e convidou os seus amigos mais chegados. Um a um, os convidados se esquivaram com desculpas para não comparecer na ceia. Um disse que havia comprado um terreno e precisava ir vê-lo, outro disse que havia se casado e não podia ir, enfim todos se desculparam e não aceitaram o convite. O homem ficou indignado e mandou os criados irem à rua chamar todos que encontrassem, os mancos, os maltrapilhos, os mendigos, até completar todos os lugares disponíveis na mesa da ceia. No final, diz que nenhum daqueles primeiros convidados iria provar da sua ceia.

    Na vida real, esses convidados da rua são os gentios a quem Deus abriu as portas e convidou para comparecer à grande ceia, ou seja, as bodas do Cordeiro. Jesus veio para o seu povo, os judeus, mas eles não o receberam, agora Jesus está preparando a sua igreja formada pelos gentios, igreja esta, que é também chamada de "A Noiva de Cristo" e que um dia será levada para a grande ceia no lugar dos primeiros convidados (Ap. 19:7). Marque bem este fato: Jesus disse em sua parábola que nenhum dos seus convidados provaria da sua ceia.

    Hoje estamos vivendo os dias dessa igreja que está sendo preparada como uma noiva (2Cor. 11:2 e Efes. 5:27), e estamos exatamente no intervalo que Deus abriu na história dos judeus quando a contagem das setenta semanas foi interrompida.

    Voltando à profecia de Daniel (Dan. 9:24) vejamos onde está a última semana faltante.
    Daniel diz que depois das sessenta e nove semanas (sete mais sessenta e duas), o Messias seria tirado (Dan. 9:26), como realmente aconteceu. Jesus, depois que ressuscitou, foi levado ao céu onde está ao lado de Deus até hoje.
    Em seguida viria um príncipe que faria um concerto com muitos por uma semana. Estas semanas, somadas às sessenta e nove, completam as setenta semanas profetizada por Daniel.

    Não podemos esquecer que após a retirada do Messias, há um intervalo de tempo para a igreja, que vai estar completando dois mil anos, e depois disso é que virá o anticristo durante a tribulação de sete anos, a última semana faltante.

    Este príncipe que há de vir é o anticristo, ou a besta do apocalipse, um homem terrível que estará reinando na terra sob o controle de Satanás por um período de sete anos. Estes sete anos são os sete anos de tribulação registradas no livro do Apocalipse nos capítulos 4 até 19.

    Quando finalmente todos os lugares da mesa estiverem preenchidos pelos convidados da rua (nos referimos à parábola), então a era da igreja vai terminar e Jesus voltará para assumir o trono.

    A volta de Jesus com a sua igreja para reinar, pode ser lida no Apocalipse capitulo 19 versos 11 a 14.
    Aproveite este momento, e leia atenciosamente os textos de Lucas 19:35-38 e de Apoc. 19:11-16 comparando estes dois textos.
Em Lucas vamos encontrar Jesus sentado em um jumentinho seguindo em direção à cidade de Jerusalém sendo seguido pelos seus discípulos que o aclamavam como Rei. No Apocalipse, vamos encontrar Jesus sentado em um cavalo branco descendo do céu sendo seguido pela sua igreja também em cavalos brancos reconhecendo-O com Rei.

    Como podemos ver, Deus cumpre o seu plano, toda Palavra de Deus se cumpre integralmente.

    Na seqüência do estudo, veremos mais tarde que naquele dia da volta de Jesus, a terra já estará restaurada, todos os homens infiéis a Deus serão mortos, e nesse momento Jesus sentará no trono e reinará sobre os que permaneceram fiéis e sem pecado. Esta será a época que chamamos de Milênio ou o reino milenar de Cristo juntamente com a sua igreja.

    Desta maneira estamos vendo a profecia de Daniel relativa às setenta semanas se cumprir na sua íntegra. Estamos aguardando o reinicio da contagem para completar a última semana, quando Deus continuará tratando com os judeus. Quando isto acontecer, a igreja, os convidados da rua, estarão na grande ceia com Jesus.

    Neste momento cabe uma pergunta: onde você estará? Você será um dos convidados que rejeitou o convite ou você estará sentado na mesa da ceia com Jesus?

    Na próxima postagem estaremos estudando a primeira visão que João teve e registrou no primeiro cap do livro do Apocalipse.

 

A primeira visão

 

Adaptado por Antônio Carlos da Silva

 

    Neste capítulo, vamos estudar o início do livro de Apocalipse, quando João teve a primeira visão após ter sido arrebatado em espírito. (Ap. 1:10).

    Muitos imaginam que João teve toda visão apocalíptica de uma só vez, porém nós observamos que houve várias visões independentes umas das outras. Logo neste início, está escrito que João foi arrebatado em espírito. Mais para frente está escrito que João recebeu um convite para subir ao céu e foi novamente arrebatado em espírito (Ap. 4:1-2). E houve também uma ocasião em que João se viu na terra e não no céu quando teve as visões (Ap. 13:1). Algumas versões dizem que o dragão pôs-se sobre a areia do mar, porém notamos que a primeira é a mais apropriada e mais freqüente nas diversas versões.

    Os dez primeiros versículos são uma introdução, onde João se apresenta como mensageiro da parte de Jesus Cristo, o qual revelou esta profecia a ele.

    "Quando foi arrebatado, ouviu no céu uma voz como que de trombeta dizendo que o que ele iria ver agora deveria ser escrito e enviado às sete igrejas que estão na Ásia." (Ap. 1:10-11).

    Neste ponto vamos já esclarecer um símbolo muito freqüente neste livro e também em toda a Bíblia. Trata-se do numero sete. O sete é usado por Deus como símbolo de plenitude divina, ou seja, tudo que Deus faz, se completa dentro de um sete. Damos alguns exemplos: Deus criou os céus e a terra em sete dias, sendo seis com trabalho e um de descanso (Gen. 2:2-3). Deus determinou o ano sabático, ou seja, durante seis anos a terra poderia ser plantada, porém, no sétimo a terra deveria descansar (Lev. 25:3-4). Deus também determinou o ano do jubileu, ou seja, após cada sete períodos de sete anos (49 anos), o ano seguinte seria o do jubileu quando haveria a libertação dos servos, redenção da terra e descanso das colheitas (Lev. 25:10-15). Tudo que Deus faz, se encerra dentro de um "sete" considerando tudo completo sem nada mais para acrescentar ou completar.

    Assim, estas sete igrejas estão representando todas as igrejas no mundo todo e em todas as épocas. Aquelas sete igrejas mencionadas existiam realmente na Ásia, cada uma com sua característica e representavam as outras igrejas que também existiam no mundo. 
Estas sete igrejas também representam na mesma ordem, cada tipo de igreja que existiu através dos séculos desde os dias dos apóstolos até os dias de hoje. Da mesma forma, estas igrejas também representam cada pessoa de cada igreja desde Jesus até hoje. 
Isto é plenitude. Na seqüência vamos encontrar os sete selos, as sete trombetas, as sete taças, e tudo com o mesmo significado simbólico de plenitude de Deus.

    Apenas para exemplificar e dar melhor entendimento, dizemos que um copo de água está em sua plenitude quando está totalmente cheio de água, não cabendo nem uma gota a mais. Outro exemplo: a plenitude de uma semana é com sete dias, e não com cinco ou com oito dias, ou seja, a semana é plena, ou completa, com sete dias.

    "Quando João se virou para ver quem estava falando com ele, viu sete castiçais de ouro e um homem que estava no meio dos castiçais." (Ap. 1:12-13).

    A descrição deste homem identifica como sendo Jesus Cristo conforme os detalhes mencionados nos versículos 14 a 18. A espada que saia de sua boca simboliza a Palavra de Deus. A espada é uma arma de ataque e a Palavra de Deus é a arma que deve ser usada contra todos os ataques das trevas. Lembrar que Jesus venceu o diabo lá no deserto apenas citando a Palavra de Deus (Mat. 4:1-11).

    O significado dos castiçais e das estrelas é encontrado a seguir no versículo 20. Os sete castiçais de ouro estão simbolizando as sete igrejas, que por sua vez engloba todas as igrejas do mundo em todos os tempos. Lembre-se que se você já aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador, você é parte da igreja, portanto você também está sendo representado por um desses castiçais.

    As sete estrelas são identificadas como o anjo de cada igreja. Não se trata aqui de anjo protetor como aqueles seres angelicais que estão a serviço de Deus. O anjo neste caso também é um símbolo e é definido pela Palavra de Deus como sendo um mensageiro (Hebreus. 1:14), a estrela é usada para orientar e para guiar (Gen. 1:16; Mat. 2:2), portanto estas estrelas que são os anjos das igrejas, representam os pastores, os bispos ou quem exerce a direção das igrejas.

    Quanto aos castiçais que representam as igrejas e cada indivíduo participante da igreja, é importante que se saiba com quais qualidades eles foram definidos na lei de Deus dada a Moisés.

    O castiçal tinha que ser de ouro (Êxodo. 25:31) que simboliza a pureza e a santidade, assim, cada igreja e cada um de nós devemos ser puro e santo. Tinha que ser de ouro batido de uma só peça, não podia ter emendas assim como nós temos que ser lapidados e não podemos ter remendos. Sendo de uma só peça nos lembra que todos nós, integrantes da igreja de Cristo, devemos ser uma unidade no corpo de Cristo. Não pode haver divisões nem brigas ou rancores entre os participantes de uma igreja (Exo. 25:36). Estes castiçais também deveriam ter sete lâmpadas e não se trata de lâmpadas elétricas, mas de azeite que simboliza o Espírito Santo de Deus (Exo. 25:37). O azeite usado nesses castiçais também tinha que ser puro, e não podia faltar, pois as lâmpadas deveriam ser mantidas acesas continuamente (Exo. 27:20). O azeite é também um símbolo do Espírito Santo, e assim como o azeite não podia faltar nas lâmpadas, também o Espírito Santo não pode faltar na nossa vida.

"Conhecemos a parábola das dez virgens onde as cinco imprudentes deixaram faltar o azeite em suas lâmpadas e não puderam entrar para as bodas." (Mat. 25:1-13).

    É muito importante este símbolo do castiçal aplicado a cada um de nós como parte da igreja de Cristo. 
Deus não usa estes símbolos apenas por acaso. Assim como o castiçal era perfeito e puro, Deus quer que nós também sejamos perfeitos e puros. Deus disse ao seu povo: " Sede santos porque eu sou Santo" (Lev. 11:44). Ninguém pode dizer que é impossível ser santo, porque se Deus determinou que fossemos santos, é porque podemos ser santos. Deus não daria uma ordem impossível de ser cumprida ao homem. 
Queremos esclarecer que não estamos falando aqui do tipo de santo ensinado por outra religiões como "Santo Antônio, santo Agostinho etc...." . estes "santos" são definidos pelo próprio homem depois da morte deles. Estamos falando de homens que literalmente são fiéis e tementes a Deus e cumprem a Palavra de Deus obedecendo aos seus ensinos, portanto aprovados por Deus ainda em vida e não depois de morto.

Você que está lendo estas linhas, também pode ser santo desde que obedeça a Palavra de Deus.

    Voltando à visão dos sete castiçais, vimos que Jesus estava no meio deles, significando que Jesus anda no meio das igrejas, confirmando o que Jesus já havia dito que onde estariam dois ou três reunidos em nome Dele, Ele também estaria ali com eles. E vimos também que as estrelas estavam à sua destra, significando que Jesus tem todos os lideres de cada igreja em suas mãos. A igreja é liderada pelo seu dirigente, e este por sua vez é liderado por Jesus.

    Nos versículos 13 a 16 deste primeiro capítulo, João descreve a visão que ele teve de Jesus Cristo no céu. Não nos esqueçamos que as visões são sempre simbólicas. Estava vestido de branco até os pés com um cinto de ouro. Os cabelos eram brancos como a neve. O branco simboliza a pureza. Seus olhos eram como chama de fogo, significando que seus olhos tudo vê, em tudo penetra, não há segredo para Jesus. Os pés como latão reluzente, um metal polido e durável e sua voz como de muitas águas, isto é, muito forte e possante. Apenas para fazer um comentário a respeito da voz de Jesus, sabemos que sua voz era realmente muito forte. Se lermos o texto em Mateus 15:29-39, vamos ver que Jesus falava ao povo à beira do mar e a uma multidão muito grande. Quem conhece o mar e a praia, sabe que é muito difícil falar com alguém ao longe na praia, pois o som se dispersa e é necessário gritar muito para se fazer ouvir. Continuando na visão de João, Jesus também se apresentava com uma espada na boca, que evidentemente simbolizava a sua palavra. E o seu rosto brilhava como o sol, representando a glória de Deus que estava nele.

    Jesus também se identificou como sendo o primeiro e o último (Ap. 1:17) significando que ele é o único, é Deus, estava em Deus e será eternamente Deus.

    Disse também que foi morto (foi morto na cruz), porém está vivo, portanto ele venceu a morte e a morte não tem poder sobre ele (Apoc. 1:18).

    No mesmo versículo ele diz que tem as chaves da morte e do inferno. Como ele venceu a morte, e o seu sacrifício foi realizado para pagar os pecados dos homens para que os homens não fossem para o inferno, fica então evidente que Jesus tem todo o controle sobre a morte e sobre o inferno. Não significa que ele manda os homens para o inferno, mas que pode livrar os homens do inferno pela fé que os homens tem nele.

    Esta foi a primeira visão de João no apocalipse. No próximo cap vamos estudar sobre as sete igrejas às quais João enviou as cartas.